segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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A memória é uma coisa muito poderosa, que respeito e, acima de tudo, temo. Experimentei a sensação de apagar algumas memórias que guardava aqui no blog; claro que ainda as trago comigo, mas sei que a única coisa que as fazia manterem-se vivas era o fato de estarem escritas e que daqui a algum tempo vão cair no esquecimento. De qualquer maneira, eram coisas fúteis, sem grande importância- e é exatamente isso que faz com que se desprendam de mim com tanta facilidade! É que as coisas marcantes, as verdadeiras memórias, nunca se esquecem. Escondem-se, atiram-se para as profundezas, mas sempre para um poço com fundo. E quando menos esperamos, elas voltam... Principalmente as más memórias. Para mim as más memórias não são as relativas a situações em que alguém (ou algo) me fez sofrer, porque dessas retirei sempre uma lição e uma força para julgar melhor o Mundo e não me deixar enganar. As memórias realmente dolorosas, quase cortantes, são as que remontam a situações em que eu fui o elemento mau, em que fiz sofrer alguém. Aí reside a prova de que eu erro, de que eu consigo ser má pessoa e que por muito que me esforce todos os dias, todos os minutos- toda a infinidade de momentos por que passo!- por ser boa, terei sempre uma mancha em mim. Ironicamente, são estas as memórias perante as quais não consigo esboçar sequer um sinal de luta: nem sequer tento combatê-las quando reaparecem. Como se, inconscientemente, me conformasse e recebesse assim o merecido castigo. E visto assim, tudo isto é sentido como uma grande derrota, uma derrota imensa como a eternidade, e por muito que eu tente começar de novo, que use uma página limpa, os riscos errados e grosseiros do passado notar-se-ão para sempre. A angústia que sinto ao saber que podia ter sido melhor tranforma-se, a cada momento, na certeza de saber que posso e consigo ser melhor.